



Os antigos livros do Doom e um novo começo
Em 1995, o povo estaduniense ganhou uma ótima notícia, o grande DOOM invadiria o mundo dos livros. Assim surgiu o Doom Novels, escrito por Dafydd ab Hugh e Bradford Swain Linaweaver. O primeiro livro entitulado Knee-Deep In The Dead, homenagem ao primeiro e mais famoso episódio de Doom, foi um sucesso absoluto. Reproduziu com fidelidade o ambiente do primeiro e do segundo episódios do Doom, oficializou (embora a Id nada tenha pronunciado sobre) o nome do protagonista como Flynn Taggart, o "Fly" e conseguiu ser tão divertida quanto o jogo.
Além disso, Knee-Deep In The Dead, ganhou mais 3 continuações: Hell on Earth (reprodução de Doom II), Infernal Sky e Endgame.
Então, porque caiu no esquecimento?
O grande problema de Doom Novels, foi a "americanização" de Doom. Em outras palavras: SEM INFERNO. Sim, a grande semente do mal do filme do Doom veio justamente por esta mudança. Ambos os autores, sem motivos aparentes, eliminaram o fator Inferno, substituindo por uma invasão alienígina que estava simulando uma invasão infernal, usando experimentos biológicos em humanos para parecerem zumbis e deixar toda a humanidade morrendo de medo. No final de KN, o protagonista (e sua ajudante, uma marine mulher, Arlene), acabam indo para a Terra direto de Deimos, que esta flutuando no planeta alienigina.
Em Hell on Earth, todo o jogo foi também substituindo pela invasão alien em massa, sempre "biologizando" o misticismo e o horror dos "alien" e "humanos modificados", que eram especificamente os demônios e zumbis. Infernal Sky e Endgame levou toda a história por água baixo, envolvendo super-computadores, realidade simulada e guerra intraestrelar, e não adaptando Final Doom como esperavam.
De fato, nos clusters dos dois doom, há uma refêrencia a aliens carnívoros, mas vale lembrar que demônios são, de certa forma, aliens. Mas não "esses" aliens que Doom Novels criou.
No final das contas, DOOM e toda sua mágica acabou ficando de lado. Sem mais aventuras com Fly, sem mais inferno. E com a saída de John Romero, a série Doom parecia estar destinada ao esquecimento por causa da "era 3D"...
.... mas aí surgiu Doom 3. Carmack e sua trupe supreendeu a todos anunciando que Doom iria ter uma continuação, que de continuação não era nada, mas sim um remake, "uma releitura" da série original. Sim, Carmack esteve a ponto de cometer o mesmo erro dos autores e "alienizar" o seu sonho de tornar DOOM um jogo do Aliens.
Mas graças a Deus (ou ao Capeta!) isso não ocorreu. Doom 3, apesar de ter mais fases explorando Marte e a tecnologia da UAC, continuou e re-afirmou os elementos míticos dos demônios, a magia de Betruger e até mesmo o Soul Cube.
Doom, que estava vivo graças a sua edição e source-port, ganhou um novo universo. Mais realista, mais sombrio, uma nova esperança. De fato, até hoje existem certas controvérsias se há uma separação entre o universo do Doom Clássico com o universo do Doom 3, mas muitos torcem para que a Id (ou Doom 4) consiga unir ambos (afinal, há citações de Deimos e Phobos no Doom 3) universos, e retirar esse sombrio passado dos antigos Doom Novels.
Enfim, pertencendo ou não ao mesmo universo, Doom continuou com seus horriveis demônios e seu Inferno incansável.
E Matthew Costello supreendeu a todos, anunciando que a odiada Doom Novels iria voltar. Agora sob sua direção, uma nova trilogia iria surgir.
A saga Doom 3 começou.

Doom 3 Worlds on Fire
A revitalização de Doom Novels não foi imediata, foi anunciada 4 anos após o lançamento de Doom 3, em 2008. Para quem não sabe, Matthew Costello foi o responsavel pelo roteiro de Doom 3 e Ressurection of Evil, aquele cara que incorporou o "terror" para a nova geração de Doom, além de introduzir a história Marciana e o Soul Cube.
OK, muitos doomers não gostaram muito das mudanças entre os universos, e até certas partes dos dois jogos (principalmente o final de ROE) poderiam ser melhor trabalhadas. Confesso que eu fui um desses doomers. Mas vale lembrar que nem todas as idéias de Costello entraram em Doom, mas também não teve o mesmo destino de Tom Hall e seu Doom Bible em 1992.
Mesmo o contrato de Costello não entrando para Doom 4, ele ganhou o direito de dar o seu toque artístico para a nova história do Doom.
Então, prepare-se para entrar ao mundo de: Doom 3 por Matthew Costello.
Lançado em 26 de Fevereiro de 2008, Doom 3: Worlds on Fire é o primeiro capítulo da trilogia de Costello. Infelizmente não posso dizer muito sobre a obra, pois não tenho ela em mãos, mas aqui vai uns elementos básicos que ela introduziu, e que precisamos saber para entender a sua continuação, Maelstrom (a que eu li já faz 2 meses).
Antes de mais nada, Worlds on Fire é o prólogo e o começo de Doom 3. Matthew se concentrou no ponto que muitos doomers sempre quiseram saber: o que é a UAC, o que levou a fazer os eventos de Doom, como esta nosso universo nesse futuro, etc. Enfim, conhecer um pouco dos bastidores do mundo Doom.
Tomando como ponto de partida as informações que Doom 3 e ROE trouxeram e até mesmo a sisnopse do Doom Clássico, estamos em 2144. O nosso planeta esta enfrentando uma crise global jamais vista: os recursos naturais estão escassos, os governos estão mais fechado e a economia esta em ruína. Guerra global está iminente, e mesmo assim, significará o fim: mesmo que alguma nação sobrevivesse as armas, não teria recursos suficientes para sobreviver.
Surge então uma esperança para uma desesperado governo dos EUA: a UAC. A Union Aerospace Corporation, controlada por Ian Kelliher, é um poderoso conglomerado ecônomico, que desde o último século tem controle sobre território extra-estrelar para pesquísas cientificas e arqueológicas. Sem outra alternativa, os EUA dá carta branca para a UAC desenvolver um projeto messiânico: a recriação de um ambiente que suportasse vida em Marte. Secretamente, o projeto também ganha contratos militares para pesquisas com armas de ultima geração, temendo a guerra que parece inevitável.
A origem da UAC também é explicada no livro: criada em 2015 como Union Media pelo pai de Ian, Thomas Kelliher, este usou as fraquezas mídia para ficar enriquecer. Em 2025, fundou a UAC se juntando a poderosa Union Umbrella, dando origem a primeira e única expedição a Marte. Não demorou muito para a UAC derrubar até a própia Union Umbrella, se tornando uma das mais ocultas e milionárias empresas do mundo, enquanto o resto do mundo entrava em colapso.
Ironicamente, agora em 2144, Thomas esta velho e é alimentando graças a uma cadeira de roda cheia de aparelhos e enfermeiras. Sendo apenas um espelho quebrado do que realmente foi, levou todos os seus sonhos e responsabilidades ao seu filho, Ian, CEO da UAC.

(Ian)
A história logo pula para 2145, o sítio arqueológico de 2025 agora é a poderosa e enorme Mars City, abrangendo pesquisas cientificas, militares e arqueolóficas no centro de Marte. De tão grande e oculta que é, muitos de seus funcionarios estão morrendo de medo, e alguns pensando que já são até marcianos. Alguma coisa esta sendo feita em Mars City, principalmente no sítio arqueológico e na divisão de Delta Labs (Coordenada pelo doutor MalcoLm Betruger, que está assustando os funcionários.
Ian se vê obrigado a mandar seus dois homens de confiança, o conselheiro Elliot Swann e o temído militar Jack Campbell a investigar a situação em Marte, que já não é a primeira vez que se fala em acidentes, mistérios... fantasmas.

(Swann)
No meio disso, entra John Kane, um tenente de fuzileiros especiais que vivia sua simples vida obdecendo ordens e nem ligando para política, quando se vê obrigado a desobedecer uma ordem direta para salvar civis e seus fuzileiros. Preso por deserção, John se vê "convidado" a se tornar um simples guarda de segurança para os Spaces Marines, um exército privado da UAC.

(John Kane)
O destino dos 3, que vão na mesma nave para Mars City, não é promissor. Os arqueologos e fuzileiros já encontraram coisas fantásticas no subterrâneo de Marte, incluindo a famosa relíquia U1, o Soul Cube.
Mal sabem esses humanos o terror que soltaram...

Doom 3 Malestrom
Enfim, chegamos ao review. Dêvo avisar que terá alguns spoilers no meio.
Após a chegada dos 3, Matthew adota umas diferenças em seu livro para do acontecimento de Doom 3, o Outbreak (sabe aquela parte de Mars City Underground em que ta tudo fudido? É essa parte). Worlds on Fire termina quando as consequencias Outbreak começam a ficar mais silenciosas, e a partir disso começa Doom 3: Malestrom, o segundo capítulo da saga.
Após dar um breve trecho do livro, nosas atenções voltam para a Terra. Sim, você leu bem, para a TERRA. Matthew dá uma pausa na tensão de Marte e se concentra no Laboratório ocêanico Robert Ballard. Mas porque diabos inventar ISSO enquanto Marte se tornou um cemitério em massa? Vocês já irão ver porque...
Em Ballard, acompanhamos um pouco da vida de David Rodriguez e Julie Chao, cientistas do laborátorio. Ambos, muito inteligentes, tiveram um antigo relacionamento amoroso, mas que David acabou quebrando. Por ironia da ciência, acabaram trabalhando junto e se tornaram bons amigos, mas agora sofrem qual a falta de atenção de Ian com o laboratório, justamente que agora precisam de equipamentos para sua nova descoberta.
Ao mesmo tempo, acompanhamos a reação do pica-grossa Ian Kehiller, perante ao Outbreak. Diferente do que Doom 3 propôs, Matthew não colocou "total" corte entre a Terra e Marte. Ian ainda tem cotanto com o general Hayden, subordinado do Sargento Kelly. Ian quer entender exatamente o que esta acontecendo em Marte, principalmente em Delta Labs que Hayden esta tentando tanto esconder. (Ian faz até torturas com este, repetindo várias vezes um video mostrando um ataque de um "monstro soltador de bolas de fogo" em fuzileiros barra-pesada). Ian, apesar de duro, é visto como uma boa pessoa tentando manter controle, mesmo que esteja a millhares de quilomêtros de distãncia. Mesmo com a comunicação continuando, todas as pessoas que sabem do que está acontecendo em Marte está sendo monitorado por Ian.
A relação entre Ian e seu pai também é explorada em Maelstrom. Buscando conselhos, Ian vai a fortaleza (o local mais bem-guardado da Terra) de seu pai, cheia de enfermeiras gostosas (para não ser levado a sério demais, Matthew coloca detalhes irônicos nas passagens de Ian para diminuir por alguns segundos a tensão que cria, incluindo com sua secretária) com seu enfermo pai, que anda muito preocupado com o fato de Betruger esta controlando Mars City:
"Você sabe... que você está brincando de Deus, não sabe, Ian?"
E após retornar a sua empresa, Ian reestabelece contato com Marte e com o laboratório Robert Ballard, após um pedido ironico de seu pai. E assim finalmente acaba a parte da Terra e vamos a Marte e descobrir o que aconteceu com Kane e os outros.
A situação em Marte é dividida entre Kane, a fuzileira Marie e seu companheiro Andy, o garotinho Theo. É talvez nessa parte que Costello mostra seu intelecto.
Qual seria a graça se as Novels traduzissem EXATAMENTE as fases do jogo? Foi o que eu pensei ao começar a ler Doom 3: Maelstrom. Não há graça nenhuma ler as fases de um jogo se você pode joga-lo, e Costello sabia disso. Então, não, Costello não segue a mesma linha de fases de Doom 3, os passos de Kane variam entre corredores, parte de Alpha Labs, batalhas em Reception e Mars City Underground. Apenas no final, Delta Labs, Hell e esvacações são exploradas, ainda com outros personagens menores.
Como isto é um review e não um resumo, não vou contar tudo o que Maelstrom faz. Apenas alguns pontos mais importantes, lembre-se,LEIA POR SUA CONTA E RISCO POIS SEGUE SPOILERS. Segue também a minha opnião perante a esses pontos.
* Swann e Campbell acabam tendo suas personalidades alteradas. Alias, isso é uma saca mais real que Costello fez em comparação a Doom 3. No jogo, o conselheiro é demonstrado como um cara durão, tentando controlar a situação em Marte e Campbell apenas um bucha com uma BFG900. No livro, Swann é retratado como um advogado extremamente amendontrado, pronto para fazer a primeira besteira (como contratar a Armada Espacial para ir para Marte, o contrario que ele faz em Doom 3!) e Campbell um cara fodão, que quer manter a Terra o mais fora possivel da situação de Marte.
* A tensão psicológica de Kane é também explorada. As batalhas entre os demônios são muito bem detalhadas e fogem um pouco do atirar-anda, mas vários dos demônios de Doom estão presentes, incluindo Imp, Pinky, Trites, Ticks, Wraiths, Cherub, Macumbeiros (Arch-Viles), Vagary, Hell Knights e no final, Sabboath e por último, o CyberDemon. Não me recordo de ver Cacodemon, Lost Soul ou o Demon Guardian. Os malditos zombies e Z-Secs estão presentes a todo momento.
* Marie é uma ótima personagem, que retira o preconceito feminino presente no Doom: diferente do que parece em Doom 3, há várias personagens feminas em Doom. Apesar de fazer o esteriótipo da "badgirl do herói" é uma ótima personagem.
* As passagens de Theo, o garoto que viu sua mãe, que se tornou uma zumbi, morrer nas mãos de Kane, são as passagens mais tensas. É um clima de correria e sobrevivência que relembra muito bem as partes com pouca vida em Doom 3.
* Há uma explicação mais irônica pelos nomes dos demônios: Imp, Pinky e Hell Knights, nomes criado por Kane e Marie, que após se encontrarem, tentam descontrair o clima escuro do local.
* Betruger faz peuqnas aparições durante a história, e incrivelmente consgeue ser IGUAL ao jogo, quando você lê suas frases, logo lembra da maldita voz do velho do Doom 3.
* Para retirar a linearidade da história, Costello varia entre os vários cenários da Terra e de Marte.
O final do livro, as partes ruins e que tudo aponta para 2010
Há vários pontos para se discutir sobre as novidades do livro, a trama, mas como não tenho tempo (e o texto está enorme), vamos uma resumida:
Mas então, o livro é bom? Sim, é. Sem dúvida superior aos antigos Doom Novel. Nota 10. Mas não é perfeito. De fato, embora seja mais real não seguir a linha de fases ou mudar um pouco as personalidade dos personagens, para os puristas e chatos como eu, incomoda um pouco. Ironicamente, a famosa frase que "O Doutor Betruger não foi encontrado" não foi colocada (em compensação o "Jesus com uma shotgun" matou a pau), e o plot do Laborátorio Ballard pareceu meio confuso e sem um final (mas talvez isso seja mais culpa do meu inglês do que da história), embora fica um pouco explicito o que o plot quer mostrar.
Mas sim, Maelstrom é um livro tenso, ele não lhe propociona medo, mas propociona a vontade de ficar lendo por horas e saber o que vai acontecer, mesmo você já sabendo o que vai acontecer, você quer saber como.
O único ponto negativo é que, embora a palavra HELL seja a mais usada no livro, há muita pouca informação ou detalhe. Infelizmente Costello ainda recebe o mesmo problema dos Novels antigos, tendo que cortar muito pouco os detalhes explícitos do Inferno. Sem dizer que o final acaba ficando mais corrido em comparação ao começo do livro, que tem um tempo bem longo.
Mas isso tudo não significa o fim. Embora terminando a história de Doom 3, há mais um livro.
Não se sabe o que Costello esta escrevendo e vai lançar em 2010. Pode ser tanto uma versão literária de ROE quanto um prólogo para Doom 4.
A única coisa que se sabe é que Costello, atraves do plot do laboratório Ballard, quer falar um pouco da anti-vida, que nada mais é do que resquícios dos demônios que um dia habitaram a Terra. Finalmente aquele buraco que Doom 3 deixou sobre o tempo em que os demônios governaram a Terra vai ser preenchida.
O que vale a pena é ler (em inglês, não há versão traduzida) os dois livros, disponiveis na Livraria Cultura e esperar. Tudo indica é que 2010 vai ser O ano, com o fim de Doom Novels e Doom 4.
Enfim, parabéns Costello por ressucitar tão bem a história DOOM!