Contexto histórico: quando o jogo saiu, eu não tinha o Nintendo 64, e quando eu fui emular ele no PC eu achei o jogo super estranho. Doom pra mim sempre foi aquela correria de serrar os capeta ouvindo heavy metal, e o Doom 64 tinha esse clima opressivo, lento, sei lá. Eu até comprei um N64 em 2012 pra jogar os jogos de qualidade do console (Perfect Dark, Daikatana, Hexen, etc) e dei outra chance ao Doom, mas não teve jeito de eu curtir ele.
Pula pro começo desse ano. Comprei o Eternal, mas começou a pandemia e a loja não queria nem dar o meu jogo, nem devolver meu dinheiro. Tive que estornar compra, ligar pra banco, foi um pé no saco. Enquanto não liberava o crédito, o remaster do Doom 64 lançou por uns R$ 10 e eu comprei. No pior dos casos, eu pegava umas conquistinhas nele e seguia adiante, né? Aí isso aconteceu:

Poisé galera, o pessoal da Nightdive Studios conseguiu arrumar o jogo. Naturalmente, ainda tem o clima opressivo e a trilha sonora do Aubrey Hodges, e o jogo continua sem multiplayer, mas agora os controles são super responsivos, e em retrospecto era isso o que mais me incomodava no Doom 64. No emulador, e até no console, parecia que o Doomguy tava debaixo d'água, sei lá. Era tudo lento e pesado, e depois que eu comecei a fazer jogos, eu descobri o problema: input lag. Doom 64 tem tipo meio segundo de delay desde o momento em que a gente aperta um botão até algo acontecer na tela. Não tinha como sair correndo e serrando tudo sem ser clarividente, e até a dificuldade do jogo sofre com isso.
Nesse remaster aí da Nightdive, o controle tá PERFEITO - tanto que o jogo fica até meio fácil demais. Pra compensar, os caras fizeram um episódio novo com um chefão exclusivo, o Lost Levels, e não tiveram medo de encher os mapas de inimigo como nunca antes - até porque o Nintendo 64 parecia que ia pegar fogo quando aparecia mais de quatro bicho na tela.
O que mais me chamou a atenção, porém, foi o Level Design. Eu nunca tinha parado pra apreciar como os mapas do Doom 64 são bem feitos. Como o Nintendo 64 não tinha nem memória pra nada, os mapas são todos pequenos e reaproveitam as mesmas áreas várias vezes, spawnando inimigos sempre que o jogador completa um objetivo. Isso pode parecer ruim na teoria, mas na prática permite que o jogador lide com várias configurações diferentes de inimigos sem ter que introduzir salas novas. Esse design também faz com que o jogador encontre as portas trancadas quase sempre antes das chaves, o que melhora horrores o fluxo de jogo. Raramente eu me peguei procurando uma porta com a chave em mãos - coisa que acontecia com frequência nos Doom Ultimate e 2 antes de eu decorar os mapas tudo.
Outra coisa que eu só consegui curtir nesse Remaster é a engine do Doom 64. Eu nunca tinha parado pra prestar atenção nessa porra, mas o fato de o jogo nunca ter saído no PC privou toda a comunidade de modding de usar um monte de recurso legal que só tem nessa versão do jogo, como os setores coloridos, as colisões dinâmicas (que permitem que o jogo tenha "3D floors"), neblina, reverberação de som, e principalmente a Unmaker.
Enfim, queria saber o que vocês acharam aí desse remaster, se jogaram, se gostaram dos Lost Levels, etc.