Parte desse movimento é composto por quem, como a maioria dos membros aqui, cresceu jogando jogos de tiro no PC durante os anos 90. Saíram vários jogos nos últimos anos usando esses games como referência, e eu pretendo falar de mais deles aqui num futuro próximo, mas hoje vamos falar de DUSK.

Minha primeira impressão desse jogo foi a pior possível. Além de ele estar em acesso antecipado na época, não só ele era feito na Unity, engine já famosa pelos problemas de desempenho e bugs, como também era pesadamente inspirado em Redneck Rampage. O que me fez dar uma chance ao game foi o fato de que a segunda maior inspiração era o Blood, e depois que eu abri o jogo de vez, tudo fez sentido: o primeiro episódio é ambientado numa espécie de pampa assombrado. A inspiração em Redneck Rampage se limita ao cenário de interiorzão, cheio de matos, fazendas, florestas e casas isoladas. O lugar foi todo tomado por um culto não muito diferente do de Blood, e é aí que os criadores do jogo conseguiram botar um tema de terror muito bem construído. Outra inspiração clara é o primeiro Quake, tanto pela ambientação mais sombria (mas menos monótona), como também pelos modelos low-poly de armas e inimigos.

Uma coisa que me chamou a atenção é que, diferente da maioria dos jogos de tiro aí dos anos 90, o level design só melhora conforme o jogo avança, com os primeiros mapas sendo mais simplistas, e os últimos sendo os mais interessantes. Alguns mapas têm até gimmicks próprios, como o Escher Labs, do vídeo abaixo. Outra parada interessante é a quantidade de atenção dada ao áudio do game. Não só tem a trilha sonora excelente composta pelo Andrew Hulshult (sim, o mesmo que assumiu o Doom Eternal com a saída do Mick Gordon), como os efeitos sonoros em si que são distribuídos pelo game com todo um cuidado. Mesmo com os gráficos toscos, alguns mapas conseguem passar um clima opressivo e assustador só pela sonorização. Gritos na distância são frequentes, bem como sons de respiração às vezes vindo de lugares muito próximos, mas impossíveis de distinguir com precisão.
Além da campanha normal, que conta com três episódios, o jogo também tem um modo multiplayer online chamado Duskworld (quem mais aí jogou Quakeworld na época?) que, infelizmente, só tem deathmatch; e suporte a mods, que conta inclusive com uma comunidade bem ativa na Steam. Dusk também deve receber um port pro Nintendo Switch num futuro próximo.